OMS divulga lista de exames essenciais para prevenir e tratar doenças

Documento elenca testes decisivos no combate a problemas globais de saúde pública, que deveriam ser mais acessíveis para a população

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente a segunda versão da sua Lista de Exames Essenciais, um compêndio de testes laboratoriais que deveriam estar acessíveis a todas as pessoas. Eles abrangem diagnóstico, monitoramento de doenças prevalentes e métodos para atestar a segurança de doações de sangue.

Esse documento visa ajudar a estabelecer políticas públicas de saúde em cada país. A primeira edição estava mais concentrada em doenças historicamente prioritárias, como HIV, diabetes, colesterol alto, malária e hepatite. Agora, 115 exames foram incluídos no rol, considerando outras condições, com destaque para o câncer. No total, são 228.

A entidade incluiu 12 testes para flagrar tumores malignos e determinar características moleculares de cada um. Isso é importante para definir o tratamento e a agressividade do problema.

“O câncer é uma grande preocupação, uma vez que a população está envelhecendo e, com isso, torna-se mais suscetível a ele”, destaca o patologista Wilson Shcolnik, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

Os exames de câncer

Um dos testes incluídos na lista da OMS, por exemplo, ajuda a rastrear o tumor de próstata, o mais prevalente em homens depois do de pele. O método é batizado de PSA e mede, em uma pequena porção de sangue, moléculas produzidas pela glândula, que podem estar alteradas na presença da doença.

Outra inclusão notável é a pesquisa de sangue oculto nas fezes. Ela levanta a suspeita para o câncer colorretal, um tipo da doença que está em crescimento no mundo, possivelmente por causa do estilo de vida moderno.

Funciona assim: uma amostra de cocô é colocada em um potinho para verificar, no laboratório, resquícios de sangramento e outras alterações que levantam a suspeita para o câncer colorretal. A técnica não confirma o diagnóstico, mas reduz em algumas pessoas a necessidade de realizar investigações invasivas, como a colonoscopia.

“É um exame simples e barato, que pode ser feito em laboratórios de qualquer porte”, destaca Shcolnik.

Apesar de acessível, a pesquisa de sangue oculto nas fezes ainda não caiu no gosto popular. Em 2018, o A.C.Camargo Cancer Center, uma referência em oncologia, publicou um estudo sobre o tema, revelando que 45% das pessoas interessadas no exame levam o potinho, porém nunca voltam para entregar a amostra. Daí a importância de reforçar a necessidade dele e de outros da lista.

Outros destaques

O rol de exames para condições prevalentes em países de baixo ou médio nível socioeconômico (caso do Brasil) também cresceu. Anemia ferropriva, cólera, leishmaniose, esquistossomose, dengue e zika agora são contempladas com exames na lista.

Testes que permitem encontrar o vírus influenza, da gripe, a partir de uma amostra de secreção nasal também foram adicionados. Eles são indicados para locais onde não há laboratório para analisar o sangue.

Falando no vírus da gripe, uma das novidades é a recomendação de monitorar sua presença nas transfusões sanguíneas para evitar infecções.

A importância da lista da OMS

Para Shcolnik, o documento ajuda a reforçar a importância de investir esforços para flagrar e tratar mais cedo problemas que fazem estragos e podem permanecer silenciosos por anos. “Temos vivido um tempo no Brasil onde há insuficiência de recursos para exames na rede pública e uma tendência de desvalorização dos mesmos”, declara o médico.

“A lista da OMS trata de métodos simples e baratos para flagrar doenças muito prevalentes, como o colesterol alto e o diabetes tipo 2, que ainda é desconhecido por 46% de seus portadores”, aponta. Como o uso indiscriminado de alguns exames também é discutido atualmente na comunidade científica, a saída deve ser a do equilíbrio.

Até por isso, a OMS recomenda que a aplicação da lista considere com cuidado a população daquele lugar, seu padrão de doenças, os recursos disponíveis, o treinamento dos profissionais de saúde e outros fatores ambientais. Ou seja, os países não são obrigados a seguir esse documento de cabo a rabo – mas sim adaptá-lo ao seu contexto.

Só não dá para deixar o laboratório de lado.

Fonte: https://saude.abril.com.br

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