Perfis do SUS | Márcia Andrea 

Consultora do Programa Nacional de Gestão de Custos (PNGC) no Departamento de Economia e Desenvolvimento em Saúde do Ministério da Saúde (Desid/MS)

Outro dia, olhamos para o lado e lá estava ela, chamando a atenção, novamente. Não porque falava alto ou vestia um chapéu engraçado. Pelo contrário: trajava um perfil básico e falava tranquilamente, com voz de sereia, fazendo qualquer tema pouco palatável de gestão de custos parecer uma simples receita de mousse de limão, provando que nem só em limonadas acabam os limões da Economia da Saúde.

Não à toa, procuramos por ela, a roraimense Marcia Andrea, para nos contar um pouco mais sobre como fazer esse caldo ficar mais doce. No caminho, descobrimos que a colaboradora é uma força do Departamento de Economia e Desenvolvimento em Saúde (Desid) enquanto apoiadora do Programa Nacional de Gestão de Custos (PNGC), e que sua história é tão interessante quanto a sua atuação profissional.

A começar pelo fato de que, além de levar o programa ministerial no canto da sereia, ela é árbitra de voleibol e de natação formada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), meus caros. Poucos sabíamos, mas, temos, conosco, uma administradora formada pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), quase licenciada em computação pela Universidade de Brasília (UNB) e dona de curso técnico em Educação Física pela Escola Técnica Federal de Roraima.

Nesse surf apaixonado pelos esportes, Márcia Andrea se destacou em basquete e handebol durante os jogos escolares; abraçou o jiu-jitsu por anos a fio; e praticou natação dos seis aos trinta, após aprender a nadar em igarapé existente no quintal dos tios, como boa nortista que é.

E, por falar no norte, Márcia é natural de Boa Vista, em Roraima, e foi criada por uma mãe professora e diretora e por um pai projetista e radioamador – ambas figuras inspiradoras para ela e para a comunidade onde viviam. Ela é a quinta entre seis irmãos, quase todos muito mais velhos. Suas brincadeiras de infância foram cercadas de primos, vizinhos e de seu irmão mais novo, o que gerou memórias que se mesclam a outras tantas lembranças.

Entre elas, as dos projetos sociais que a mãe liderava – em especial, o Movimento Bandeirante, do qual a matriarca era presidenta -, que as faziam acampar, organizar espetáculos de teatro, dança, coral, gincanas e até jogos escolares. Tudo que envolvesse bandeirantismo, esporte, educação, cultura e/ou religião era com a mãe de Márcia e sua trupe – o que acabou moldando a paixão da nossa colega por atividades coletivas.

“Lá em Roraima, usamos o termo ‘ajuri’ como um conceito de ‘eu vim ajudar’. Seja para uma festa, para fazer a comida, para construir uma casa, para o que você precisar” – descreveu Márcia. “Não há melhor expressão da cultura de um povo inteiro que se dispõe a ajudar, aprender e criar junto” – ela emendou.

Não à toa, ela e sua família também adoravam viajar de carro pelo Brasil e para a Venezuela, onde seu tio morava, fosse para celebrar juntos os aniversários de familiares, fosse para acampar, conhecer cachoeiras, subir serras, visitar sítios ou nadar em playas caribeñas – o importante era estarem em comunhão.

Agora é quando anunciamos aos interessados que, além de aventurar-se, Márcia adora a companhia dos jogos – e não estamos falando dos polêmicos Bets! Ela gosta é de jogar cartas, RPG, vídeo-games ou tabuleiros. Quem é do time, favor garantir logo uma agenda com a craque, caso queiram testar uma rodada com ela ainda para 2024, já que seus sobrinhos vivem requerendo seus conhecimentos para perto. Até lá, ela também pode pensar no caso quando o convite for para dançar, cantar Glória Groove e Liniker no Karaokê, “churrascar”, ou para reunir os amigos e garantir a quota de leveza da galera para a semana – um dos seus maiores talentos!

E o fôlego para tudo isso combina mesmo com nossa parceira de trabalho, que é também muito curiosa, e, quem diria, chegou a fazer um intensivão de astrologia, numerologia, magia e quiromancia na adolescência. Ou seja, Hogwarts* perdeu uma bruxinha, mas o Sistema Único de Saúde (SUS) ganhou uma fada madrinha.

Sua trajetória profissional não começou na saúde, aliás. Ela se iniciou em 1999, na Secretaria de Educação de Roraima, e é marcada por seu engajamento em diferentes áreas, desde a educação à gestão hospitalar, até sua chegada ao Desid, em 2019, para nossa sorte. Antes disso, ela atuou também pela Secretaria de Trabalho e Bem-Estar Social, liderando oficinas e capacitações pelo Ministério do Trabalho e Desenvolvimento Social (MDS).

Em 2007, era uma das administradoras no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), em Roraima, e foi transferida para Brasília em 2010, onde iniciou sua licenciatura de computação na UNB. Na época, chegou a estagiar no Núcleo de Educação e Pesquisa em Saúde Pública da universidade, onde participou de projetos voltados à política de Saúde LGBTQIAPN+, da População em Situação de Rua e estratégias envolvendo Tecnologias de Informação e Comunicação em Saúde.

Márcia Andrea chegou a voltar para Boa Vista em 2016, quando atuou no Núcleo de Administração do Hospital Geral de Roraima, mas a capital do país logo a convocou de volta, e a manteve com a gente na Coordenação de Gestão de Custos do Desid, desde 2019. Foi após uma seleção nacional cheia de inscrições, na qual ela foi a escolhida. “A maior vantagem de atuar pelo PNGC é conhecer o dia a dia dos técnicos e gestores que estão na ponta. Eles nos mostram as alternativas e como tem se adaptado para entregar os serviços de saúde com qualidade, mesmo quando os recursos estão mais escassos” – afirmou.

Não é estranho pensar que seu perfil agregador e agente da harmonia tenha reflexos também no seu cotidiano de trabalho, onde ela é conhecida por enfrentar os desafios com tranquilidade. Mas não se enganem: por trás dessa calmaria, há uma estrategista nata que encara desafios com paixão. Márcia faz questão de compartilhar seus conhecimentos e de ser aquela que, em meio a planilhas de custos e metas, sabe harmonizar a complexidade com a simplicidade de quem encara o mundo com propósito.

Sua destreza é tanta que ninguém imaginaria que o início de sua atuação na Saúde fosse ser um choque para ela, mas foi. Se um dia ela encontrou na pasta da Educação e do Desenvolvimento Social um trabalho que era vetor de direitos ou benefícios, na saúde, Márcia sentiu bater à sua porta o dever e a responsabilidade pela vida das pessoas. “Os desafios deixaram de ser sazonais. Antes, eu tinha um calendário a cumprir. Na saúde, temos que pensar à frente e atender a necessidade presente pensando na futura. É um trabalho contínuo de se antecipar” – acredita a colaboradora, que segue consolidando sua trajetória como referência de excelência da atuação feminina em defesa do SUS.

*”Hogwarts” é a escola de magia e bruxaria responsável por formar alguns dos bruxos mais memoráveis do filme Harry Potter.

 

Priscilla Leonel

Ministério da Saúde

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