
O Ministério da Saúde (MS) promoveu ontem (13) a 4ª Reunião Geral dos Núcleos de Economia da Saúde (NES). O evento online reuniu representantes das secretarias estaduais e municipais de saúde, membros do Comitê Gestor da Rede Ecos e coordenações do Departamento de Economia e Desenvolvimento em Saúde (Desid/MS), em encontro que comprovou como a boa gestão dos recursos públicos impacta diretamente a qualidade do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
A abertura foi feita por Natália Nunes, diretora do Desid, que ressaltou a importância de fortalecer a troca de experiências entre núcleos em diferentes estágios de implantação. “Esse intercâmbio é estratégico para acelerar aprendizados, superar desafios e qualificar a gestão pública. Estruturar um NES exige tempo, trabalho e resiliência, e o compromisso de vocês faz a diferença para que o SUS seja mais eficiente e próximo da realidade dos usuários”, afirmou.
A primeira apresentação foi do Núcleo de Economia da Saúde de Minas Gerais, conduzida por Isaac Alcântara. Ele contou que, mesmo sendo uma estrutura recente, oficializada em novembro de 2024, o NES mineiro já definiu seu escopo de trabalho e criou uma Carta de Serviços para atender todas as áreas da Secretaria de Saúde. “Para um núcleo novo como o nosso, essa troca é valiosa. Foi a chance de confirmar com outros estados que estamos no caminho certo”, destacou.
Em seguida, o Mato Grosso do Sul apresentou seu trabalho com Onofre Pereira, acompanhado do secretário estadual de saúde, Maurício Simões Corrêa. O núcleo sul-mato-grossense, também recente, já vem gerando informações de custos em hospitais e transformando esses dados em painéis de Business Intelligence (BI) para apoiar decisões estratégicas. “Essa reunião foi uma oportunidade de aprender e conhecer iniciativas inspiradoras como as de Minas e Ceará. Trocamos ideias que fortalecem nossa rede e nos ajudam a aplicar estratégias práticas no dia a dia da gestão”, disse Onofre.
O Ceará foi representado por Marcos Renan Magalhães, que falou sobre a Célula de Economia da Saúde do estado. Além da gestão de custos, a equipe cearense monitora gastos em ações e serviços públicos de saúde e identificou que o estado aplica mais que o mínimo constitucional de 12% na área. “O mais produtivo é sempre ouvir o que outros estados estão fazendo. Isso nos mantém conectados e nos ajuda a aprimorar nossas próprias ações”, afirmou Renan.
A reunião também contou com a participação de Mariana Melo, assessora técnica do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems/SP), que apresentou o trabalho de apoio à criação de NES regionais no estado. Para ela, esses encontros são estratégicos. “O campo da gestão orçamentária e financeira no SUS enfrenta obstáculos históricos na implementação do financiamento do SUS, marcados por disputas em torno dos fundos públicos. Conhecer evidências e trocar experiências é fundamental para tomar decisões mais assertivas”, observou.
Coordenadora de Ações Estruturantes em Economia da Saúde do Ministério da Saúde e responsável pela articulação da Rede Ecos, Jamyle Grigoletto destacou que as experiências apresentadas mostram o caráter transversal da economia da saúde. “Minas já tem uma cartela de serviços para oferecer às áreas da secretaria. Mato Grosso do Sul está transformando dados de custos em painéis para decisões rápidas. O Ceará trabalha com vários eixos e garante que os recursos aplicados superem o mínimo exigido. E São Paulo vem de forma inovadora, articulando discussões sobre economia da saúde entre municípios e regiões. Tudo isso reforça que a economia da saúde serve a todas as áreas e fortalece o SUS como um todo”, avaliou.
Maciene Mendes, coordenadora de Gestão de Custos do Ministério da Saúde, reforçou que os NES estão ganhando robustez e se tornando indispensáveis para a boa gestão. “Mais empolgante do que ver as atividades é perceber que as informações de custos estão de fato subsidiando decisões dentro das secretarias. É a economia da saúde sendo disseminada e o Ministério da Saúde contribuindo para a qualificação na tomada de decisão”, disse.
Durante o encontro, também foi apresentada a pesquisa nacional de avaliação de percepção e satisfação dos usuários do Programa Nacional de Gestão de Custos (PNGC), realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fiocruz. A Rede Ecos, coordenada pelo Ministério, mantém encontros como este desde 2023, fomentando a troca de boas práticas em gestão de custos, orçamento, compras públicas e avaliação de políticas. O objetivo é transformar dados em decisões que salvam vidas e asseguram a sustentabilidade do SUS.