Perfis do SUS |Quem é Maciene Mendes

Foto de Gabrielle Aine

Ela atua no Departamento de Economia e Desenvolvimento em Saúde do Ministério da Saúde (Desid/Sectics) há 13 anos e já provou a que veio, além de todo o profissionalismo que a cerca. Mas não são todos os que conhecem a história por trás dessa servidora pública arretada nascida no interior da Bahia, em Baixa Grande. A cidade, aliás, não tem praia, não tem cachoeira e não tem rio, mas já se sabe ter um povo encantador – e Maciene está aí para provar isso.

Nossa coordenadora de Gestão de Custos nasceu em uma família de poucas posses, mas cheia de afeto e criatividade. Entre ela e seus irmãos, a diversão era garantida. A bagunça também, para desespero de mainha. Na época trabalhadora rural, artesã e costureira, mainha Zuleide educou os filhos sem qualquer rede de apoio. Painho Manoel andava ocupado enquanto pedreiro e mecânico de moto e bicicleta – conhecimento adquirido em um curso por correspondência, após aprender a ler e a escrever sozinho.

Inspirada pela fortaleza de sua mãe e pelo aprimoramento do pai, foi a primeira da família a terminar o segundo grau – na época, a última turma de magistério. Foi também a primeira a se graduar. Antes, precisou de ajuda para convencer seu pai a sair de casa, aos 17 anos, para estudar. Após a benção de painho, Maciene atravessou 252 quilômetros e foi morar em uma república estudantil na Universidade Federal da Bahia, em Salvador.

Chegou a dar aula de matemática e de física para sustentar a escolha, além de trabalhar na área administrativa de uma faculdade privada. Foi, ainda, economista atuante na Secretaria de Saúde da Bahia, até tomar posse no Ministério da Saúde com a mesma função, em 2010. Sim, Maciene foi a primeira da família a passar em um concurso público também.

Fez as malas novamente e chegou em Brasília durante o clima ameno de maio, mas não foi muito com a cara da cidade. Juscelino Kubitschek haveria de ter sido um cara estranho, inventando moda com esta cidade esquisita, com ruas nomeadas por números e siglas intraduzíveis à primeira vista. E à segunda também.

Demorou a gostar da capital e sua gente, aparentemente mais reservada que os baianos. Havia chegado sozinha e sem conhecer ninguém, mas não deu muita moral não. Assim que entendeu a pegada dos locais, no entanto, a cidade virou paixão e segunda casa. Foi nela que Maciene, inclusive, conheceu seu companheiro, o Gustavo, com quem inaugurou uma nova fase na vida: foi promovida à mãe com o nascimento da filhota Julia, que arranca suspiros dessa que não exatamente tinha em seu check list pessoal o objetivo de ter filhos um dia.

Hoje, a servidora transita feliz com a família pelos parques brasilienses, e diz adorar a diversidade cultural, o respeito às diferenças e, inclusive, as ruas brasilienses – aquelas nomeadas de números hoje já cheios de lógicas palatáveis, que aprendeu a traduzir com o tempo e com os bons amigos que fez na cidade.

As primeiras amizades brasilienses, aliás, nasceram de sua estreia na Esplanada dos Ministérios, dentro do Desid, onde segue atuando até hoje. Foi no departamento que aprendeu a se comunicar profissionalmente e teve a honra de ser recebida pelo professor Elias e sua assessora, Corah Prado, dos quais ela lembra com carinho e garante terem sido essenciais para seu conhecimento em Economia da Saúde.

Mesmo com pouca experiência na área de gestão de custos na época, sua praticidade chamou a atenção do Desid e, um dia, foi eleita à revelia como coordenadora. Demorou a aceitar a missão, mas a colega Mariana Ramos deu um empurrãozinho para que o aceite fosse feito, por sorte e para felicidade de quem caminha junto à coordenação. Maciene teve uma baita labirintite após atribuída a função, mas hoje está longe de precisar de rodinhas nessa pedalada. Tirou e segue tirando de letra.

É ou não é uma trajetória bonita de se ver?

Curiosidades

Maciene é geminiana e não recusa um pão com ovo, adora uma galinha caipira, saliva diante de um risoto com filé ao ponto, sorri na frente de uma saladinha colorida e guarda um lugar especial pro cuscuz no peito. Ou melhor: na barriga. É lá que ela deposita também a cervejinha artesanal que adora tomar na companhia de seu parceiro e de seus amigos, com quem curte demais jogar uma conversa fora.

Aviso aos navegantes: a coordenadora também adora viajar e fazer uma trilha, apesar de, ultimamente, andar sonhando mesmo é em se jogar no sofá. Mas, não se enganem, sua energia é forte e presente. Que ela volte descansada das férias pra seguir firme nessa caminhada pelo SUS com a gente, ensinando tanto sobre leveza e sobre como manter um clima de trabalho amigável e horizontal, mesmo diante de tantos desafios.

De Priscilla Leonel | Desid/Sectics/MS

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